Os Primórdios da Descoberta
O descobrimento do arquipélago de São Tomé e Príncipe remonta ao século XV (1470-1471), quando os navegadores portugueses Pêro Escobar e João de Santarém desembarcaram nas ilhas provavelmente desabitadas.
Primeiramente, a ilha de S. Tomé foi descoberta a 21 de dezembro de 1470 e de seguida a ilha do Príncipe em 17 de Janeiro de 1471.
Nesse ano, por carta régia de 24 de setembro, foi estabelecida a donatário de São Tomé e nomeado capitão-donatário o escudeiro João de Paiva, com a obrigação de promover o povoamento da ilha. Pela chamada “carta de foral” de 16 de dezembro de 1485, foi, por sua vez, concedido um vasto conjunto de privilégios aos respetivos moradores, que, nessa data, eram ainda muito poucos. Só em 1493, ano em que é nomeado Álvaro de Caminha para capitão-donatário e se dá a sua fixação na ilha e se inicia o efetivo processo de colonização, com a instalação de um número significativo de povoadores, incluindo os chamados “moços judeus, crianças e jovens tirados pela força às famílias acolhidos em Portugal, depois da expulsão dos judeus de Castela.
Desenvolve-se, a partir de então, o cultivo de cana-de-açúcar e, na 2ª década da centúria seguinte, as roças de açúcar vão entrar em pleno funcionamento, contando-se já, por volta de 1540, mais de 60 engenhos em laboração e cerca de 150 000 arrobas de produção anual total.
Por outro lado, São Tomé foi, desde cedo, uma plataforma na distribuição de escravos com destino a Lisboa, a S. Jorge da Mina e, depois de 1520, à América espanhola. Quando, depois de meados de 600, a cultura da cana decaiu de forma significativa (devido, entre outros fatores, à concorrência brasileira) e enfraqueceu também o tráfico negreiro de iniciativa insular, o papel económico mais importante de São Tomé passará a ser o de porto de escala no comércio transatlântico, particularmente no que tinha lugar entre África e Brasil. Isso vai exigir a manutenção da atividade agrícola, embora já em regime de policultura e virada principalmente para a produção alimentar.
Os escravos que fizeram movimentar a economia são-tomense durante o final do século XV e primeiros anos do século XVI vinham, acima de tudo, da bacia do Níger, com particular destaque para o reino do Benim. No entanto, a falta de mão-de-obra para a produção de açúcar e a intensificação do tráfico de escravos com destino às Índias Ocidentais, vai exigir o recurso ao Congo e a Angola, de onde provém a grande massa de escravos que chega a São Tomé desde aquela última data até às primeiras décadas do século XVII. Na 2ª metade do século XVII e durante o século XVIII, o abastecimento da ilha em trabalhadores cativos volta a fazer-se no golfo da Guiné, mas agora em zonas mais próximas do arquipélago e menos batidas pelo grande comércio europeu, como o Gabão, sendo só raramente que as embarcações de São Tomé demandam a região do Níger, nomeadamente o Calabar e o reino de Ardra.
O número de escravos que fugiam, do porto e das plantações, para o interior da ilha foi muito grande desde o século XV, provocando uma interminável guerra do mato e levando à formação de núcleos que estiveram na origem da comunidade dos Angolares. Foram também frequentes as insurreições dos escravos das roças, sendo as principais rebeliões de que há notícia as de 1585, 1595 (a famosa revolta comandada por Amador, um escravo crioulo), 1617 e 1709.
O número de europeus residentes em São Tomé atingiu o seu máximo em meados do século XVI, apogeu da produção de açúcar, mas tem, depois, tendência a declinar. A mortalidade era muito elevada, devido às doenças tropicais (particularmente a malária) e esse facto travava também a afluência de novos povoadores, que passaram a ser maioritariamente degredados. Simultaneamente, foi-se formando uma elite mestiça que dominou a vida económica, política e religiosa de São Tomé nos séculos XVII e XVIII.
Os primeiros governantes da ilha foram os capitães-donatários. Em 1522, depois do donatário João de Mello ter sido condenado por várias irregularidades, foi abolida a capitania de São Tomé e integrado o território nos bens da coroa, passando os responsáveis máximos do arquipélago a ser nomeados diretamente pelo rei e recebendo apenas o título de capitães. A partir de 1586, começaram a ser designados por governadores, sendo também atribuído a alguns deles o título, de carácter honorífico, de capitães gerais. O principal centro urbano da ilha de São Tomé, a povoação com o mesmo nome, foi elevado à categoria de cidade em 1525 e foi sempre capital do arquipélago e residência dos governadores, com exceção do período entre 1753 e 1852, em que a capital foi transferida para Santo António, na ilha do Príncipe.
A cidade de São Tomé foi, por várias vezes, objeto de ataques de corsários e de outras forças estrangeiras. Foi violentamente atacada por franceses em 1567 e 1709. Em 1599, uma grande armada holandesa conquista, saqueia e acaba por lançar fogo à cidade e, entre Outubro de 1641 e Janeiro de 1649, os neerlandeses dominaram a capital e controlaram a maior parte da ilha, que só abandonaram, mediante o pagamento de resgate, depois de expulsos de Angola.
Primeiramente, a ilha de S. Tomé foi descoberta a 21 de dezembro de 1470 e de seguida a ilha do Príncipe em 17 de Janeiro de 1471.
Nesse ano, por carta régia de 24 de setembro, foi estabelecida a donatário de São Tomé e nomeado capitão-donatário o escudeiro João de Paiva, com a obrigação de promover o povoamento da ilha. Pela chamada “carta de foral” de 16 de dezembro de 1485, foi, por sua vez, concedido um vasto conjunto de privilégios aos respetivos moradores, que, nessa data, eram ainda muito poucos. Só em 1493, ano em que é nomeado Álvaro de Caminha para capitão-donatário e se dá a sua fixação na ilha e se inicia o efetivo processo de colonização, com a instalação de um número significativo de povoadores, incluindo os chamados “moços judeus, crianças e jovens tirados pela força às famílias acolhidos em Portugal, depois da expulsão dos judeus de Castela.
Desenvolve-se, a partir de então, o cultivo de cana-de-açúcar e, na 2ª década da centúria seguinte, as roças de açúcar vão entrar em pleno funcionamento, contando-se já, por volta de 1540, mais de 60 engenhos em laboração e cerca de 150 000 arrobas de produção anual total.
Por outro lado, São Tomé foi, desde cedo, uma plataforma na distribuição de escravos com destino a Lisboa, a S. Jorge da Mina e, depois de 1520, à América espanhola. Quando, depois de meados de 600, a cultura da cana decaiu de forma significativa (devido, entre outros fatores, à concorrência brasileira) e enfraqueceu também o tráfico negreiro de iniciativa insular, o papel económico mais importante de São Tomé passará a ser o de porto de escala no comércio transatlântico, particularmente no que tinha lugar entre África e Brasil. Isso vai exigir a manutenção da atividade agrícola, embora já em regime de policultura e virada principalmente para a produção alimentar.
Os escravos que fizeram movimentar a economia são-tomense durante o final do século XV e primeiros anos do século XVI vinham, acima de tudo, da bacia do Níger, com particular destaque para o reino do Benim. No entanto, a falta de mão-de-obra para a produção de açúcar e a intensificação do tráfico de escravos com destino às Índias Ocidentais, vai exigir o recurso ao Congo e a Angola, de onde provém a grande massa de escravos que chega a São Tomé desde aquela última data até às primeiras décadas do século XVII. Na 2ª metade do século XVII e durante o século XVIII, o abastecimento da ilha em trabalhadores cativos volta a fazer-se no golfo da Guiné, mas agora em zonas mais próximas do arquipélago e menos batidas pelo grande comércio europeu, como o Gabão, sendo só raramente que as embarcações de São Tomé demandam a região do Níger, nomeadamente o Calabar e o reino de Ardra.
O número de escravos que fugiam, do porto e das plantações, para o interior da ilha foi muito grande desde o século XV, provocando uma interminável guerra do mato e levando à formação de núcleos que estiveram na origem da comunidade dos Angolares. Foram também frequentes as insurreições dos escravos das roças, sendo as principais rebeliões de que há notícia as de 1585, 1595 (a famosa revolta comandada por Amador, um escravo crioulo), 1617 e 1709.
O número de europeus residentes em São Tomé atingiu o seu máximo em meados do século XVI, apogeu da produção de açúcar, mas tem, depois, tendência a declinar. A mortalidade era muito elevada, devido às doenças tropicais (particularmente a malária) e esse facto travava também a afluência de novos povoadores, que passaram a ser maioritariamente degredados. Simultaneamente, foi-se formando uma elite mestiça que dominou a vida económica, política e religiosa de São Tomé nos séculos XVII e XVIII.
Os primeiros governantes da ilha foram os capitães-donatários. Em 1522, depois do donatário João de Mello ter sido condenado por várias irregularidades, foi abolida a capitania de São Tomé e integrado o território nos bens da coroa, passando os responsáveis máximos do arquipélago a ser nomeados diretamente pelo rei e recebendo apenas o título de capitães. A partir de 1586, começaram a ser designados por governadores, sendo também atribuído a alguns deles o título, de carácter honorífico, de capitães gerais. O principal centro urbano da ilha de São Tomé, a povoação com o mesmo nome, foi elevado à categoria de cidade em 1525 e foi sempre capital do arquipélago e residência dos governadores, com exceção do período entre 1753 e 1852, em que a capital foi transferida para Santo António, na ilha do Príncipe.
A cidade de São Tomé foi, por várias vezes, objeto de ataques de corsários e de outras forças estrangeiras. Foi violentamente atacada por franceses em 1567 e 1709. Em 1599, uma grande armada holandesa conquista, saqueia e acaba por lançar fogo à cidade e, entre Outubro de 1641 e Janeiro de 1649, os neerlandeses dominaram a capital e controlaram a maior parte da ilha, que só abandonaram, mediante o pagamento de resgate, depois de expulsos de Angola.